Por Paulo Antunes
Antes de mais nada, preciso esclarecer de que isto esta tudo errado. Sou uma das pessoas menos indicadas para fazer uma análise completa de Dragon Age: Inquisition, que é o terceiro jogo (e único que joguei por completo) da franquia de fantasia da Bioware (empresa responsável pela trilogia Mass Effect e pelo mmo Star Wars: The Old Republic). Mas ao mesmo tempo, uma das resoluções de ano novo (talvez de alguns anos novos atrás) era de começar a produzir análises escritas de nossos jogos favoritos para dar algum conteúdo ao blog. Começar por um título lançado a dois meses atrás não é a melhor das ideias, afinal estou chegando atrasado para festa. Mas eu tinha que começar por algum lugar, e também praticar a escrita. Pode ser que fique uma bela bosta fumegante, mas hey… Isto aqui é o Godmode!
A trama do jogo gira em torno do seu personagem no lugar errado e na hora errada. Tentando apaziguar a eterna briga entre magos e templários (lembrando que magos no universo de DA são como os mutantes de X-Men, ou seja, uma potencial ameaça para a população), a Chantria, uma espécie de Igreja Católica do mundo de Thedas, organiza um conclave, juntando no mesmo lugar os principais representantes das três facções. ‘Big mistake’! O jogo começa com o lugar indo pros ares com uma grande explosão, deixando apenas você como sobrevivente, portando na mão uma marca mágica que parece ser a única coisa capaz de fechar o grande buraco que se abriu no céu e começou a vomitar demônios no mundo. No meio deste caos, a inquisição, que dá subtítulo ao jogo, é criada para tentar resolver a situação.
As pessoas que escutam o podcast, já sabem que coloquei DAI como o melhor jogo de 2014 na minha lista, aos quarenta e cinco do segundo tempo, já que eu tinha terminado a primeira jogada no dia da nossa gravação. Comprar o jogo por preço cheio foi uma aposta, já que não tinha conseguido engolir os outros dois primeiros jogos da franquia (por motivos diversos que não valem a pena ficar explicando por aqui). Com Inquisition, felizmente, foi diferente. Apesar de ter um começo um tanto arrastado e até meio clichê (personagem sem memória que acorda numa prisão pra então virar o 'the chosen one'), o jogo foi ganhando meu respeito, a medida em que os personagens eram apresentados e a narrativa só enriquecia. Quase no fim do primeiro ato, você precisa tomar sua primeira grande decisão de impacto e a partir daí o jogo já se ramifica em dois (tanto que jogar novamente foi quase que uma obrigação). Deste ponto, o jogo brilha, principalmente ao longo do segundo ato, onde sua Inquisição precisa reunir forças, aliados, e recursos para poder enfrentar o grande mal central do jogo.
Enfrentar dragões são momentos épicos.
Mas a força de DAI não esta no seu começo e nem em sua conclusão, mas sim na jornada. Abençoada seja a Bioware, por saber colocar o seu personagem customizado como peça central de uma grande trama, e povoar a história com personagens tão ricos e bem escritos. E é nisso que esta análise vai se focar. Não acho que seria muito justo tentar destrinchar outros pontos do jogo, como por exemplo, sua mecânica de combate. Eu sou um prego com rpgs mais estratégicos, e prefiro muito mais jogos com ação (como Mass Effect) do que ficar pausando o jogo e movendo as peças no tabuleiro. Para isso já me basta o rpg de mesa, que ao menos tenho a desculpa de me encontrar fisicamente com os amiguinhos. Isto dito, coloquei no modo mais fácil e parti pro abraço. Dessa maneira o combate não atrapalhou, e no final das contas, foi até caindo na minha graça, principalmente ao ter que encarar dragões (de longe as criaturas mais difíceis e as batalhas mais épicas do jogo). O importante foi quebrar o gelo inicial.
Mas é claro, é importante frisar que quem curte algo mais estratégico, pode colocar nos níveis mais altos da dificuldade e ser feliz, já que todas as ferramentas estão lá. Com isso você também vai ser obrigado a explorar camadas do jogo que eu apenas arranhei, como customizar armas e armaduras, fabricar e aprimorar poções, cuidar minuciosamente dos seus skills e de seus companheiros para poder criar os combos perfeitos, explorando as fraquezas de cada inimigo e talvez assim levar duas vezes mais o tempo que eu levei para terminar a campanha. Parabéns! Você é uma pessoa com muito mais paciência que eu.
DAI não é um grande mapa aberto como Skyrim. Ele se assemelha mais ao próprio Mass Effect te dando uma base de operações (como era a Normandy), onde você comandará sua inquisição e a partir dali lançará missões em diversos grandes mapas espalhados pelos territórios de Orlais e Ferelden, estes sim abertos para exploração e cada um apresentando um cenário novo e característico (grandes florestas, uma região litorânea, uma área coberta de neve ou grande deserto, etc.). Nelas o jogador vai encontrar uma ou mais missões principais que vão avançar a história e expandir aquele mesmo mapa, e ‘nhenhentas’ outras missões secundárias, que vão de coletar x número de alguma coisa, até explorar dungeons e fechar as tais fissuras que estão cuspindo demônios. Para isso, você estará sempre acompanhado por outros três personagens por vez (são ao todo nove para escolher), que também são jogáveis por você mesmo ao toque de um botão, no melhor estilo de DA.
Mapa na sua "mesa de guerra".
Assim como a maioria dos jogos da Bioware, a narrativa avança com as missões principais, e sua relação com os seus companheiros também. Faça uma grande missão, volte para a sua base de operações, bata um papo esperto com todos e os diálogos vão se abrindo. Cada personagem tem uma história para contar e até missões a parte. Conversar e tomar decisões é parte integrante do gameplay tanto quando o combate. A descoberta do mundo através do diálogo é tão importante quando bater perna pelo cenário e descobrir uma dungeon nova. Neste aspecto, eu gosto de exaltar o fato de que o seu personagem fala, e não é o protagonista mudão de tantos outros rpgs. Pode ser uma besteira minha, mas faz diferença. Mas tio Paulo, e Skyrim que você tanto ama? Diferente de Skyrim, que é uma aventura mais solitária (então ser mudo, não incomoda), um playground caótico, onde alguém que vai te passar uma missão, pode ser morto por uma matilha de lobos que estava passando por perto (e isso também é muito legal se você parar para pensar), DAI é realmente focado na narrativa e suas decisões realmente alteram a reação das pessoas. São jogos estruturados de maneiras distintas.
Claro, não podia deixar de mencionar o romance. Diferente da total liberdade que existia no primeiro DA, onde até um ‘foursome’ era possível de acordo com as lendas, em Inquisition cada personagem tem suas inclinações (de opção sexual e alguns até de raças específicas) e também nem todos os personagens que são possíveis de se flertar, estão disponíveis para ir as vias de fato. Assim ele se assemelha ainda mais a Mass Effect e, porque não, à realidade. No fim das contas, a opção de se levar um romance (ou não) pra frente é a cereja no bolo de uma narrativa tão rica para compor o seu herói ou heroína. No meu caso serviu para criar todo um background na minha própria cabeça para minha segunda personagem: “Uma humana nobre das terras livres, que largou o luxo e, provavelmente um casamento arranjado, para perseguir altas aventuras como uma arqueira mercenária. Depois de virar inquisidora e ter o destino de Thedas nas mãos (literalmente), ela se apaixona pela elfa maluca, também arqueira, Sera, que lhe serve como âncora para realidade, no meio do caos de magos, templários e demônios. Juntas as duas lutam contra o mal, com muito senso de humor e com ajuda de uma galerinha da pesada.”
Sera, a delicadeza em pessoa.
Eu suma, isto é Dragon Age: Inquisition ‘for dummies’. Uma análise feita por este ‘dummy’ que vos escreve, recém-chegado no mundo de Thedas, correndo atrás do prejuízo através de vídeos na internet, wikipedia sobre o jogo e o resumo de Dragon Age Keep, que ajuda a forjar sua própria história dos dois primeiros títulos para poder aplicar no terceiro. Peço desculpas adiantadas para os catedráticos da franquia por alguma besteira falada (aguardo vocês na minha porta com tochas e foices), mas deu na telha escrever, então já era. Cheguei agora mesmo e já estou botando os pés em cima da mesinha de centro. Tragam-me uma cerveja.
NOTA: 5 REGGIES